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sexta-feira, 22 de abril de 2011

Como abusadores tentam justificar suas ações

Abusadores infantis desenvolvem distorções cognitivas para tentarem diminuir sua responsabilidade

   Homens que abusam sexualmente de crianças costumam culpar fatores externos para explicar suas ações e diminuir sua culpa e responsabilidade. "Cada razão que eles dão é uma distorção cognitiva" segundo Sarah Paquette, uma estudante que investigou o assunto como parte de sua tese de mestrado na Université de Montréal School of Criminology, no Canadá.
   Ela entrevisou mais de 20 homens condenados por molestas crianças. Alguns dos homens haviam feito isso de forma mais violenta, enquanto outros usaram táticas mais sutis para realizarem o abuso (o que também não tira a violência da questão, né). As entrevistas semi-estruturadas foram conduzidas sob supervisão dos professores Franca Cortoni e Jean Proulx.
   "Abusadores admitem o estupro e sabem que é errado" diz Paquette "Mas eles racionalizam suas ações para lidar com a situação em que se encontram. Essas racionalizações são distorções cognitivas que lhes permitem agir impulsivamente, e existem tantas racionalizações quanto molestadores". No entanto, todas as "razões" que eles dão podem ser agrupadas em seis grandes categorias.
    A primeira é a alegação de impossibilidade de conter seus desejos: hormônios, estresse, drogas ou até mesmo Deus são fatores considerados incontroláveis pelo molestador e usados para tirar sua responsabilidade. "Sempre é por causa de outra coisa" disse Paquette.
   Em segundo, o "direito" de fazer o que lhe dá prazer. Aqueles que usam esse argumento acreditam que seu status, como chefe de família, por exemplo, lhes confere certos privilégios que devem ser satisfeitos por outros. "Essas pessoas também acreditam que as relações sexuais com crianças vão um dia ser aceitas pela sociedade, como eram nos tempos antigos" diz Paquette.
Sarah Paquette
   Terceiro: alguns alegam que a ação não fez mal à criança de jeito nenhum. Aqueles que invocam esse argumento muitas vezes destacam suas restrições como "Eu toquei, mas não houve penetração", "Ela não sangrou", "Ela estava dormindo" e outras barbaridades.
   Quarta categoria: alguns acreditam que mulheres adultas são manipuladoras perigosas ou estão fora de seu alcance devido à sua beleza. Essa crença muitas vezes é associada a uma imagem muito positiva das crianças, que não são tão ameaçadoras e são mais manipuláveis.
   Em quinto lugar, alguns abusadores percebem as crianças como sexualizadas e capazes de decidirem e consentirem uma relação sexual. Eles acreditam que as crianças apreciam o contato sexual e até mesmo precisam dele.
   Paquette definiu também uma sexta categoria, que sugere que os molestadores enxergam a si mesmos como crianças. Eles se sentem com a idade mental de uma criança e acreditam que estavam vivendo um amor recíproco com suas vítimas.
   Como coloca Paquette, são todas distorções. E bem cruéis, desenvolvidas pelo sujeito para "autorizar" seu comportamento abusador. Apesar de ter sentido nojo enquanto escrevia, acredito que esse estudo pode ajudar a compreender o comportamento dos pedófilos, pois ainda é uma questão bastante problemática da psicologia. Muitas vezes também é possível que ele faça uso dessas distorções para induzir a criança a se sujeitar aos abusos, então acho que é importante estudá-las para que se possa desenvolver formas de prevenção, pois as crianças menores geralmente recebem pouquíssima orientação sobre sexualidade, então é difícil lhes preparar para se defenderem de abusos. Acredito que é importante se pensar em meios educativos que possam fortalecer a criança para que ela saiba identificar que algo está errado e possa denunciar o abusador.

REFERÊNCIA: Université de Montréal

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